Porto Alegre vive um momento crítico na assistência em saúde mental. O possível fechamento das emergências psiquiátricas do Centro de Saúde IAPI e do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS) acende um alerta para o risco iminente de colapso no atendimento público. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) expressa profunda preocupação com os impactos da medida, que afeta diretamente profissionais da saúde e, sobretudo, pacientes em sofrimento psíquico grave.
O Núcleo de Psiquiatria do Simers tem atuado de forma incisiva junto ao Parlamento para buscar soluções. A pedido do Sindicato, o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL/RS) encaminhou um ofício ao Ministério da Saúde, questionando se a pasta tem conhecimento da situação e cobrando providências urgentes para garantir a continuidade dos serviços.
Entre os questionamentos dirigidos ao Ministério da Saúde, destacam-se:
• O Ministério tem ciência do encerramento da emergência psiquiátrica no Centro de Saúde IAPI e da possível suspensão do serviço equivalente no PACS?
• Há alguma diretriz ou plano emergencial para assegurar a continuidade do atendimento à população, considerando a capacidade limitada das UPAs e CAPS para absorver essa demanda?
• Quais medidas estão previstas para apoiar a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre na transição e capacitação das equipes que assumirão essa assistência?
Segundo o psiquiatra José Luiz Correa, do Núcleo de Psiquiatria do Simers, o sistema já dá sinais de esgotamento. “Estamos testemunhando um desmonte da rede de saúde mental. A redução de leitos psiquiátricos não foi acompanhada pela criação de uma rede substitutiva estruturada. Hoje, enfrentamos a sobrecarga dos serviços e o adoecimento dos profissionais”, afirma.
Em meio à crise, a diretora do Simers, Ana Coronel, formalizou junto à Secretaria Municipal de Saúde o pedido para que o Sindicato integre o grupo de trabalho responsável por discutir o processo de transição e capacitação das equipes. Durante reunião com a diretora da Atenção Primária, Vânia Frantz, o Simers também entregou um ofício solicitando informações sobre o plano de contingência.
A situação é alarmante: há mais de dois mil pacientes aguardando por vagas em Porto Alegre, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). O risco de judicializações e de violações de direitos fundamentais aumenta, agravado pelo subfinanciamento da saúde mental. A área, que antes representava 5,7% do orçamento da saúde, agora recebe apenas cerca de 2,6%.
O coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Simers, Ricardo Nogueira, defende a manutenção das emergências psiquiátricas em funcionamento 24 horas por dia. “As famílias precisam ter a segurança de que seus entes queridos serão atendidos de forma imediata durante crises, surtos ou episódios de abstinência. O aumento dos casos de ansiedade, depressão e o impacto contínuo da pandemia do crack exigem respostas firmes e estruturadas”, alerta.
O Simers já realizou reuniões com médicos das unidades da Vila Cruzeiro e do IAPI e está em diálogo direto com a comunidade. A mobilização em defesa das emergências psiquiátricas segue ativa: “Não deixem fechar as emergências psiquiátricas” é o apelo do Sindicato.
Uma audiência pública será realizada na Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Porto Alegre no dia 19 de agosto, para debater o tema e buscar soluções junto ao poder público.
Sobre saúde mental:
Simers: coragem para defender e gestão para avançar! Associe-se!
O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.