Também em 2004, foi publicada a Resolução RDC 219, que visa a diminuir a burocracia nesse processo, a fim de possibilitar que determinados medicamentos possam ter uma aprovação acelerada. Isso ocorreria antes da conclusão de estudos da fase 3, mas não sem passar por ao menos duas etapas de testes clínicos.
O composto da fosfoetalonamina sintética, estudada há 20 anos na USP, ficou conhecida como “pílula do câncer” e logo se popularizou através das mídias sociais. Por algum tempo, cápsulas foram fornecidas em São Carlos, mas a universidade proibiu a produção e distribuição, destacando que a substância “não é remédio”, que não existe demonstração cabal de que tenha ação efetiva contra a doença e que não passara por testes clínicos nem tem registro na Anvisa.
A proibição gerou controvérsia entre doentes em tratamento contra o câncer, que alegam estar sendo privados da chance de cura. Desde então, pacientes passaram a recorrer à Justiça para ter acesso à fosfoetanolamina. Por isso, novos estudos foram agilizados e, neste mês, concluiu-se que a fosfoetanolamina não teve eficácia contra as células de câncer de pâncreas ou melanoma. No caso do câncer de pulmão, a substância foi capaz de reduzir a viabilidade celular em 10,8% e a proliferação em 36,1%, o que é considerado baixo potencial contra os tumores.
O coquetel de compostos químicos e substâncias como vitaminas e aminoácidos, que podem ser comprados em lojas de suplementos e de produtos naturais, compõe a “pílula da inteligência”, que se popularizou no Vale do Silício (EUA), região considerada a capital da indústria da tecnologia. O nome vem do grego "nóos" (mente ) e "tropo" (direção). A promessa de ficar mais esperto apenas tomando uma pílula, e sem efeitos colaterais, ganhou o mundo a partir do filme Sem Limites, em que um escritor fracassado passa a utilizar 100% de sua capacidade cerebral graças a uma droga.
Além de serem vistos com ceticismo pela comunidade científica, os potencializadores cognitivos não têm qualquer respaldo da Anvisa, nem quanto à eficácia nem em relação à promessa de que não traria efeitos colaterais ao corpo. Alguns coquetéis, inclusive, contam com uma substância reconhecida no tratamento de transtornos como hiperatividade e narcolepsia, que podem causar arritmia e ansiedade.
O SIMERS reforça que a prescrição de medicamentos é ato exclusivo do médico. Pacientes não devem se utilizar de remédios sem a devida indicação profissional, especialmente sem que haja registro das autoridades sanitárias. A automedicação e o uso irracional de remédios contribuem para o aumento de casos de intoxicação e efeitos colaterais danosos. Apenas o médico, após realizar o atendimento clínico, pode fazer a reflexão que cada caso exige e tomar a decisão sobre o caminho terapêutico a ser adotado. O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.