Campanha Alerta Pediatria: Mais de 130 cidades não possuem pediatras e falta dos profissionais na rede de Atenção Básica prejudica atendimento a crianças
Medicina

Campanha Alerta Pediatria: Mais de 130 cidades não possuem pediatras e falta dos profissionais na rede de Atenção Básica prejudica atendimento a crianças

Dados foram divulgados pelo Núcleo de Pediatria do Simers em reunião aberta para apresentação das ações em busca de melhorias

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14/05/2025 13:30

Dos 497 municípios gaúchos, 132 não possuem pediatras, 76 têm apenas um para cada mil habitantes de até 14 anos e, em cinco municípios da Região Metropolitana, há menos de um. Essa é uma parte do cenário exposto na noite dessa terça-feira, 13, pela coordenadora do Núcleo de Pediatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Valerie Kreutz, em reunião aberta para apresentar a campanha "Alerta Pediatria"

Entre os convidados, estavam representantes da Sociedade de Pediatria do estado (SPRS), da Universidade Católica de Pelotas, e de hospitais de Canoas, Alvorada e Porto Alegre. O presidente do Simers, Marcelo Matias, foi representado pela diretora de Políticas Estratégicas, Márcia Barbosa. A diretora da Região Sul, e integrante do Núcleo, Renata Jaccottet,  participou de forma online.

Segundo a médica pediatra, Valerie, o estado possui profissionais, mas há carência em algumas regiões, agravada pela falta de infraestrutura de leitos. Além disso, quando a rede de Atenção Básica não oferece esse atendimento especializado, os pacientes acabam batendo na porta das emergências. E quem precisa de internação, sofre com a redução de vagas. Em 2024, houve redução de 115 leitos clínicos pediátricos no Rio Grande do Sul, que encerrou o ano com 2.196 leitos. Na Região Metropolitana, 12 municípios não possuem internação para esses pacientes.

“O Núcleo de Pediatria vai lutar para melhorar o atendimento. É importante as entidades se unirem”, enfatizou. Um documento com o retrato do cenário atual e sugestões para elevar a qualidade e expandir as regiões com profissionais especializados será entregue às autoridades e órgãos públicos.

Para o representante da SPRS, Silvio Baptista, é importante expor essa realidade e buscar aliados nas esferas que possuem o poder de modificá-la. “Vamos colocar pediatras lá na ponta (nas unidades de saúde) e diminuiremos o fluxo nas emergências”, afirmou.

 O coordenador da Emergência do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, Giovani da Silva Campos, defendeu a importância de haver uma política de saúde pública, com especialistas na Atenção Básica. 

O diretor clínico do Hospital de Alvorada, Adão Machado, explicou que a instituição, sucateada por anos, passou por uma reestruturação após o Hospital Ana Nery assumir a gestão. Apesar de ter pronto atendimento em pediatria, internação e UTI neonatal, a capacidade não é suficiente. A cidade não possui UPA.

Em Canoas, a situação vem se deteriorando. O coordenador da Unidade Pediátrica do Hospital Universitário, Cristiano de Leon, relatou que a instituição é a única da cidade que agora tem leitos pediátricos. No entanto, foram fechados os leitos de retaguarda na emergência que havia no HU. O Hospital de Pronto Socorro e o Nossa Senhora das Graças não possuem mais pediaria. Segundo ele, os profissionais estão sobrecarregados e se sentem desvalorizados, sem estímulo para permanecer na pediatria: “Muitos trocam de profissão”.

Coordenador de cinco serviços de pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Jefferson Piva, destacou que a solução para o atendimento não é só aumentar leitos. Tem que haver estrutura fora do ambiente hospitalar para que o paciente possa ter alta e seguir com o tratamento no sistema básico, com acesso aos insumos que forem necessários. Ele sugeriu a implantação de teleconsulta para esse acompanhamento e uma comunicação eficiente, que integrasse todo o sistema de assistência básica pediátrica da capital e Região Metropolitana. Assim, o pediatra que desse alta a uma criança no hospital poderia interagir com o profissional de uma unidade de saúde, por exemplo, acompanhando e auxiliando a evolução do paciente.

A responsável pela Emergência do Hospital Santo Antônio da Criança, Aline Botta, ressaltou que a alta demanda não vem ocorrendo somente no inverno. A procura só é menor em janeiro e fevereiro. “Temos 40 leitos na UTI pediátrica e, mesmo assim, é insuficiente”, afirmou.  

No Hospital Vila Nova, há 37 leitos de emergência e de observação e, no inverno, mais dez de UTI. Segundo a coordenadora da Pediatria, Rebeca Smarzaro Wachholz, a abertura do setor nos meses mais frios ocorre sem qualquer recurso público. O objetivo é manter a UTI o ano inteiro, mas é preciso obter verba para o custeio.

Tags: Pediatria Emergência pediátrica Pediatra Núcleo de Pediatria do Simers Simers

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