O diretor e coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Ricardo Nogueira, participou, na manhã desta terça-feira, 19, da 32ª reunião ordinária da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre. Na sessão, foram debatidos os impactos do fechamento das emergências psiquiátricas do IAPI e do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS). A sessão foi conduzida pela vereadora Tanise Sabino, que preside a Cosmam. Ela ressaltou que na unidade do IAPI são atendidos 900 casos por mês, e que essas pessoas não podem ficar d
esassistidas. “Nesse sentido, eu concordo muito com o Simers. Emergência psiquiátrica não se fecha, se fortalece”, disse a parlamentar.
O diretor Ricardo Nogueira defendeu a manutenção das emergências psiquiátricas, destacando que o Rio Grande do Sul é um dos estados com maior índice de tentativas de suicídio, situações em que o atendimento imediato é indispensável. Ele também enfatizou que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) não conseguem suprir a demanda das emergências, já que funcionam apenas em horário comercial e não oferecem cobertura médica integral. Já a emergência conta com psiquiatras 24 horas, capazes de intervir mesmo em situações extremas, como surtos de abstinência causados pelo uso de crack, por exemplo.
“As emergências não são o fracasso do sistema, nós temos emergência cardiológica, neurológica e de queimados. A emergência é uma necessidade para os casos agudos. O CAPS só tem, por exemplo, médico-psiquiatra até as 18h ou 19h, no máximo. Depois, o pessoal vai embora. A emergência tem médicos 24 horas. Fechar a emergência do IAPI é alargar a porta do cemitério”, disse Nogueira.
Já o secretário de Saúde, Fernando Ritter, garantiu que não serão fechadas emergências, mas que esses atendimentos vão passar por uma “transformação”. Segundo ele, esse processo vem sendo discutido há dois anos. Ele apresentou um organograma sobre o funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Porto Alegre e disse que os atendimentos serão feitos nos seis novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que serão implementados na cidade.
Em documento assinado por médicos, psiquiatras, servidores municipais e plantonistas do PACS, que foi encaminhado ao secretário Fernando Ritter, foi apontado que “o fechamento desses serviços acarretará prejuízos significativos à população, que provavelmente passará a ter de recorrer exclusivamente às emergências clínicas e CAPS”. O texto diz ainda que “a exposição de pacientes em sofrimento psíquico intenso em ambientes clínicos comuns compromete sua segurança e dignidade, ao mesmo tempo em que sobrecarrega equipes não treinadas para lidar com essas situações”.
LEIA MAIS
Simers faz manifestação contra fechamento de emergências psiquiátricas no IAPI
Sindicato recebe secretário de Saúde de Porto Alegre e debate crise na saúde mental e pautas dos médicos municipários
Simers debate fechamento das emergências psiquiátricas de Porto Alegre com Secretaria Municipal de Saúde
Após as manifestações dos convidados e das pessoas da comunidade que se inscreveram para falar, a vereadora Tanise Sabino propôs uma nova reunião dentro de 30 dias, além da criação de um grupo de trabalho para discutir o tema. Mediante os relatos ouvidos durante a sessão, a presidente também pediu que a mudança na modalidade de atendimento, de emergências para CAPS, seja postergada para além de novembro, quando estava prevista. O secretário disse que a gestão vai conversar com as equipes sobre as propostas e analisar as proposições.
Também estiveram presentes Hélvio Carpim Corrêa, integrante da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), além de representantes da comunidade e demais parlamentares da Casa.
Simers: coragem para defender e gestão para avançar! Associe-se.
O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.