Existente há 20 anos, Implante Infiltrativo ainda não era discutido no Brasil
A Luta

Existente há 20 anos, Implante Infiltrativo ainda não era discutido no Brasil

Compartilhe

05/09/2016 10:59

Seminário pretende criar cartilha para médicos que utilizam a técnica

Seja para fins estéticos ou reparadores, a técnica dos implantes infiltrativos tem sido cada vez mais usada entre homens e mulheres. A prática ganhou notoriedade depois que a artista gaúcha, Andressa Urach, veio a público informar seu estado de saúde após complicações no procedimento ao utilizar o hidrogel no corpo para fins estéticos. Para o coordenador do 1° Simpósio Consenso Brasileiro de Implantes Infiltrativos, , Túlio Souza, a situação vivida por Urach é polêmica e isolada. Segundo ele, "não cabe a nós médicos a discussão de um caso em que há interrogações acerca dos materiais e técnicas utilizados". O polimetilmetacrilato (PMMA), produto discutido no encontro e largamente utilizado pela classe médica, quando enquadrado nas normas técnicas de fabricação, é biocompatível, não absorvível e permanece no local aplicado, sem risco de migrar para outras partes do corpo. Os índices de complicações são baixos e ocorrem especialmente devido a dois aspectos: erro técnico, ou seja, má aplicação do produto, ou problema com um material de baixa qualidade. As polêmicas trazem pontos positivos. Depois do caso da Andressa Urach, a população ficou mais atenta à procura por médicos para a aplicação do Implante Infiltrativo. Além disso, há 12 anos, uma portaria do Ministério da Saúde prevê a realização do procedimento de reparação com o uso do PMMA para tratamento da lipodistrofia em pessoas portadoras de HIV pelo Sistema Único de Saúde. Em Porto Alegre, esses Implantes Infiltrativos são realizados desde 2008 em pacientes soropositivos do Hospital Nossa Senhora da Conceição (GHC). A lipoatrofia facial é a perda acentuada de gordura no rosto, causada pela doença ou pelo efeito colateral de alguns medicamentos usados para conter o vírus e evitar o surgimento de patologias associadas. “O Ministério da Saúde apoia e defende o uso do PMMA pelo SUS em paciente com HIV, ou seja, um paciente cuja saúde está debilitada, é porque a técnica é realmente segura. O que precisa ficar claro é a escolha de um profissional médico treinado e que utilize material de qualidade obedecendo as normativas”, declarou Souza. Para a discussão de melhores condutas na utilização do Polimetilmetacrilato em procedimentos estéticos e de reparação, tema principal do Simpósio, foi utilizado o estudo chancelado pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa) realizado pelo coordenador do evento, Túlio Souza, juntamente com a farmacêutica e professora da Unipampa, doutora Letícia Colomé, que reuniu a vivência clínica de 36 médicos de diferentes especialidades. Em estatísticas nacionais, neste grupo são mais de 87 mil casos atendidos ao longo de 20 anos. O intuito é fazer a cada dois anos um debate sobre o tema e a cada quatro anos reescrever a cartilha com os resultados desses Simpósios. Seria o passo inicial para construir uma normativa séria como tantas outras em saúde pública – e não pública – que são construídas com o trabalho da medicina em geral, independentemente de ser reparadora ou estética. Um documento que estabeleça parâmetros que determinarão a utilização e eficácia do material de tal forma que seja segura para o paciente. Dentro dos diversos médicos participantes, estava o doutor Fabrício Alan, que atua em Santa Catarina. Para ele, esta é a primeira vez que um evento reúne nomes nacionais e internacionais, como o médico alemão Gottfried Lemperle, a maior autoridade mundial do assunto; para debater um procedimento importante. “Dentro da nossa área de atuação, este foi um dos eventos mais importantes ao longo desses 20 anos de atuação, em termos de consolidação e seriedade. É uma área tão discutida de preenchimento, mas nunca teve um evento direto de implantes, que gerasse discussões de indicações e casos“, disse o doutor Fabrício. O evento contou com a palestra do Dr. Lemperle, autor de mais de 250 publicações científicas e manuais sobre cirurgia plástica e estética. Ele já realizou mais de 600 apresentações em congressos e conferências, além de vídeos sobre métodos estéticos. No encontro, apresentou a evolução dos produtos utilizados nos procedimentos e contribuiu com sua experiência em todas as mesas de discussões. Diferença de Implante Infiltrativo e Botox Os pacientes se confundem muito quanto ao assunto. O Botox não preenche. Ele tem a função de reduzir a função muscular da área em que é aplicado. Botox trata a ruga dinâmica, ruga que é feita pelo movimento de expressão. Quando se fala em preencher, a aplicação é feita próximo ou perto da pele. Quando isso acontece ele está num preenchimento da pele em nível bem superficial. Quando se fala de Implantes Infiltrativos, como o PMMA, o material é mais denso e aplicado em níveis mais profundos. Não se quer tratar uma ruguinha, e sim dar uma nova forma, um desenho novo, característica nova ao local aplicado.
Tags:

Aviso de Privacidade

O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.

Ver Política