Entre o hospital e as pistas: o médico que une a medicina e o skate
A Luta

Entre o hospital e as pistas: o médico que une a medicina e o skate

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31/07/2016 11:25

pacini 2 Medicina e skate. Mundos com perfis completamente distintos, mas isso não significa que seja impossível se conectarem. Entre o jaleco, o tênis, partos e manobras nas pistas, gira boa parte da vida do ginecologista e especialista em obstetrícia Lucas Pacini Teixeira, 52 anos. Natural de Porto Alegre, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o médico mantém os dias agitados pelos mais de vinte anos de profissão. Porém, além da medicina, o gineco obstetra cultiva outra paixão: o skate. Nas horas vagas, fora da clínica e do Hospital Moinhos de Vento, Pacini pratica o esporte radical desde o início dos anos 1970, quando decidiu se dedicar e adotar como hobby por toda a vida. Há mais de três décadas que o médico embala o skate, mas durante todo esse tempo, houve um período que Pacini optou por deixar as pistas um pouco de lado por causa da carreira. “Ando desde meus oito anos, porém, quando estava ingressando na faculdade, por conta das provas e cursos, o skate ficou um pouco de lado. Andava mais nos finais de semana mesmo.”, lembra o médico. Mais tarde, com 30 anos, Pacini foi para os Estados Unidos para se especializar, acompanhado da família, época que também deixou o esporte em segundo plano. pacini1 Entretanto, no início dos anos 2000, com o lançamento do documentário “Dogtown and Z-Boys” do cineasta e skatista norte-americano Stacy Peralta, que mostrava o nascimento do skate, contendo vários depoimentos de antigos skatistas daquela época, ocorreu uma nova explosão no universo do esporte. Por conta dessa produção, Pacini reencontrou a motivação para embalar novamente a tábua com rodinhas. Isso fez com que o médico voltasse a encontrar amigos e a frequentar lugares que costumava ir quando era mais jovem. “Essa volta foi muito boa, pois reencontrei meus velhos amigos. Fomos criando um elo novamente e começamos a voltar para as antigas pistas, sem falar que a volta de muita gente da antiga geração resgatou a imagem do esporte que tinha ficado marginalizada a partir da década de 1990”, conta. O primeiro skatepark, a Swell, em Viamão foi um dos locais que voltaram a frequentar, porém a estrutura da pista estava precária. Então, Pacini e seus amigos, resolveram construir uma nova pista em 2007. Por ser conhecido entre muitos praticantes do esporte em Porto Alegre, Pacini serviu até de inspiração para a criação de um modelo de shape que remete a um estilo mais antigo do skate. “Donos de uma grande marca são meus amigos, então me procuraram e disseram que queriam produzir um shape com estilo voltado para as décadas de 1970 e 1980 e que eu seria a inspiração, por andar bem e representar os skatistas mais velhos. Fiquei honrado com a homenagem”. O produto leva, em sua parte traseira, o desenho de Pacini fazendo uma cirurgia. Shapedoc Porém, o “The Doctor”, como o obstetra é conhecido entre muitos skatistas, volta e meia tem que lidar com contratempos por causa de sua profissão e especialidade. “Sempre deixo meu celular ligado, pois muitas vezes tenho que sair às pressas para realizar um parto ou ver algum paciente. E sempre que meu telefone toca enquanto estou na pista, o pessoal corre para me chamar”, diz. Já ocorreu até de Pacini não poder receber uma premiação em um evento de skate para realizar um atendimento. “Havia treinado muito para aquele campeonato local e consegui ficar em primeiro, mas bem na hora da cerimônia de premiação, me ligaram do hospital e tive que sair correndo para fazer um parto. Não consegui receber o troféu. Meu filho me representou no palco”, lembra. Apesar de todas as diferenças que existem entre os dois universos, Pacini acredita que há algumas ligações como os limites que são postos à prova. “Claro que a medicina me coloca em situação de extrema responsabilidade, porém os dois fazem com que eu vá até o limite para fazer o melhor possível. Considero desafiadores nesse aspecto, refletindo bem a tua maneira de encarar a vida”, explica o Pacini. E questionado sobre o que é mais radical, fazer um parto ou embalar o skate nas pistas, o médico logo responde. “Sinceramente, não sei mesmo, pois são duas atividades que dou o máximo e coloco minha alma. Posso dizer que tanto a medicina quanto o skate são duas de minhas paixões”, completa. pacini- california
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