Presidente do Simers rebate declarações do prefeito Nelson Marchezan
A Luta

Presidente do Simers rebate declarações do prefeito Nelson Marchezan

Compartilhe

15/10/2019 00:00


Em entrevista ao programa Esfera Pública de 11 de outubro, da Rádio Guaíba, o prefeito Nelson Marchezan se dirige de forma desrespeitosa aos funcionários do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf), incluindo os 73 médicos que lá atuam. Ele desconsidera que estes servidores são intimamente vinculados às comunidades e não toleram mais as ofensas oriundas da autoridade máxima do Executivo municipal.

Ao reiterar sua posição de repúdio às declarações de Marchezan, o presidente do Simers, Marcelo Matias, responde ponto a ponto às falas do prefeito e complementa com informações sobre o foi perguntado na ocasião: “Prefeito, eu gostaria que o senhor conhecesse melhor o Imesf e seus trabalhadores. Quando o senhor ampliou o horário de atendimento, esta ampliação foi feita com estes funcionários. Se o senhor não acha que ofende, então não vai ficar ofendido, porque o senhor trata seus funcionários como gado. Mas quem quer construir um futuro melhor, constrói parcerias, constrói pontes. E vou de novo lhe chamar para um debate, quando o senhor quiser. Mas se tiver de ser assim, seguirei respondendo, porque estaremos sempre ao lado dos médicos. Porque o Simers faz”.


Foto: Maria Ana Krack / PMPA

Declaração do prefeito Nelson Marchezan - Restrição de atendimentos

Marcelo Matias – “Prefeito, os funcionários do Imesf não pararam de trabalhar por causa de uma decisão do STF, mas pela forma com que o senhor se manifestou, dizendo que estes mesmos funcionários tratam a população como gado. É impossível trabalhar quando a gente tem o desrespeito do nosso gestor. Estes funcionários são fundamentais para a saúde de Porto Alegre e estão intimamente ligados às comunidades e foram tratados com desdém e com desrespeito pela sua gestão. Justamente por isso que eles pararam, porque o senhor, em vez de buscar uma solução adequada, o senhor partiu para o ataque e deu uma solução pronta. Até aquele momento, o senhor não havia mudado a sua posição, o que parece que mudou. Pois agora o senhor entrou com embargos no STF”.


Declaração do prefeito Nelson Marchezan – Quem quer ser atendido por um médico concursado do SUS?

Matias – “Prefeito, o senhor não sabe, mas a maioria da população desta cidade e do país é atendida, sim, por esses médicos. O senhor, potencialmente, já o foi, porque a maioria da nossa população já foi atendida pelo menos uma vez no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. E este atendimento é feito por médicos concursados do SUS. São os mesmos médicos que atendem em clínicas privadas, no Moinho de Vento e no Mãe de Deus. O seu desconhecimento e a sua agressividade no discurso só mostram que o senhor busca o conflito e não busca entender como funciona o sistema de saúde da cidade que o senhor governa.


Presidente do Simers, Marcelo Matias, fala na Câmara de Vereadores de Porto Alegre (abril de 2019)

Declaração do prefeito Nelson Marchezan – Levar o Moinhos de Vento para a vila

Matias – “Quando o senhor assumiu a gestão, o Moinho de Vento fazia a gestão do Hospital da Restinga, e um dos maiores orgulhos da sua gestão é ter tirado o Moinhos de Vento da Restinga e ter entrado o Vila Nova. O senhor diz que quer botar o Instituto de Cardiologia na vila, mas o senhor desconhece que o Instituto de Cardiologia já fez a gestão dos postos de saúde desta cidade. Levar a gestão não tem absolutamente nada a ver com levar atendimento, porque eu lhe pergunto, o que o senhor quer dizer é que um indivíduo que não tem convênio vai poder entrar em um hospital como o Moinhos de Vento e ser atendido na emergência paga pela prefeitura de Porto Alegre, ou o seu único objetivo é atacar os médicos e demais profissionais que fazem o atendimento na periferia da nossa cidade. A população mais carente não terá, acredite em mim, atendimento nos hospitais particulares sem referência”.


Declaração do prefeito Nelson Marchezan – A comunidade não pode ser obrigada a ser atendida em uma unidade de saúde “podre”, onde não pode nem fazer um curativo

Matias – “Prefeito, nós temos dito isso de longa data: as unidades de saúde de Porto Alegre não têm a menos condições adequadas de atendimento. E, por isso, fizemos vistorias, por isso temos mais de 40 relatórios, que o senhor faz questão de não responder. Mas é interessante, quando da gente faz estas vistorias em nome da população, a sua gestão, prefeito, fecha as portas. Faz uma notificação que proíbe a nossa entrada, portanto, prefeito, eu vou concordar com o senhor, as nossas unidades não têm condições adequadas de atendimento. Elas são velhas, são sujas, elas não têm manutenção. E a culpa é sua”.


Vistoria realizada pelo Simers no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (maio de 2019)

Declaração do prefeito Nelson Marchezan – Quem atender mais e melhor será remunerado por isso

Matias – “Por que, prefeito, o senhor não fez isso até agora? Por que o senhor, simplesmente, fez um corte do futuro salário das pessoas que atendem à população de Porto Alegre? Por que, em vez de buscar o conflito, o senhor não botou em prática a sua própria ideia? Ofereça, sim, mais para quem trabalha mais, cumpra aquilo que o senhor fala.


Declaração do prefeito Nelson Marchezan – Os hospitais filantrópicos irão trazer os mesmos funcionários que Marchezan diz tratar a população como gado

Matias – “Está provado que o senhor não tem a menor ideia do que está falando quando diz respeito à Saúde, e que o senhor não conhece os seus trabalhadores. Porque, se conhecesse, faria justamente isso que o senhor disse que os hospitais de ponta fariam: contrataria eles mesmos. Estes profissionais, sim, sabem fazer o atendimento à população. E o senhor, e a sua gestão não têm a menor ideia do que significa isso”.


Presidente do Simers, Marcelo Matias, fala em nome dos médicos


Declaração do prefeito – Marchezan pede confiança aos trabalhadores do Imesf

Matias – “Prefeito, confiança a gente não pede, a gente conquista com um conjunto de atos e intenções. E os seus atos contra estes trabalhadores, que foram atos por omissão, porque não tomou uma conduta quando sabia que iria acontecer no Imesf o que aconteceu. Por omissão, quando deixou fechar o pronto atendimento desta cidade, porque deveria ter feito a contratação e não o fez. Mas também por atos, quando agrediu pessoalmente a honra destes funcionários, fazem com que estes trabalhadores não tenham muitas justificativas para acreditar na sua palavra. O que a gente precisa neste momento é de alguém que fale a verdade, que faça parceria, que crie debates, que ceda, que exija coisas que possam ser cumpridas e que ofereça condições mínimas de trabalho, de remuneração e de segurança”.


Declaração do prefeito Nelson Marchezan – Hospital Santana

Matias – “Quando a prefeitura ganhou um hospital de presente, que é o Hospital Santana, isso não foi mérito seu, foi uma negociação que incluiu a saída do Mãe de Deus do município ao lado. Têm pessoas que confundem sorte com capacidade de gerenciamento”.

Tags:

Aviso de Privacidade

O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.

Ver Política