Momentos de crise colocam a preparação dos hospitais gaúchos à prova
A Luta

Momentos de crise colocam a preparação dos hospitais gaúchos à prova

Compartilhe

29/02/2016 09:30

Em um ambiente hospitalar, situações inesperadas de emergência podem surgir a qualquer momento, sendo por alguma catástrofe ou por uma tragédia envolvendo muitos pacientes em estado grave. São provas de fogo, onde é necessário agir rápido para tentar contornar o problema. A tomada de decisão precisa ser em questão de segundos, a equipe tem que ter agilidade no atendimento e as estratégias de comunicação precisam ser efetuadas rapidamente. Estes episódios colocam em xeque a preparação dos hospitais para resolver momentos de crise. A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL) analisa que hoje em dia, os hospitais do Estado, principalmente de Porto Alegre, estão qualificados para encararem esses eventos. “Há uma exigência dos organismos internacionais de acreditação de que as instituições tenham planejamento para essas situações. Aqui nós temos hospitais acreditados internacionalmente como o Moinhos de Vento, Mãe de Deus e Clínicas que têm os planos bem estabelecidos. No geral, as instituições estão preparadas”, diz o Diretor Executivo da FEHOSUL, Flávio Borges. Em episódios atípicos, as estratégias de organização são fundamentais para o melhor atendimento possível.  O Diretor Executivo explica que a direção do hospital e o corpo clínico precisam estabelecer estratégias em conjunto. “A primeira medida a ser tomada é a organização interna entre administração e os profissionais que compõem o corpo clínico. Os planos são estabelecidos pelo diretor técnico e clínico do hospital”, salienta Borges. Um exemplo recente de transtorno é o temporal que atingiu Porto Alegre no final de janeiro, danificando setores de alguns hospitais da capital. No Hospital de Clínicas (HCPA) as unidades onde ficam os pacientes em estado mais grave foram comprometidas por conta de alagamento. “Não havia danos estruturais, mas a ala dos pacientes em situação grave foi muito prejudicada por causa do grande fluxo de água em um curto espaço de tempo, causando alagamento e infiltração. Tivemos que abrir mão de leitos para realocar essas pessoas. Ainda bem que nossa equipe teve capacidade de mobilização e, assim, não houve danos aos pacientes”, conta o Chefe da Emergência do HCPA, Ricardo Kuchenbecker. Devido aos estragos causados pela tempestade, a emergência do HCPA ficou cinco dias fechada para reforma. Kuchenbecker recorda que no momento do temporal não estava na cidade, porém, a comunicação imediata foi essencial para traçar planos de organização da equipe. “Eu não estava na cidade na hora em que ocorreu a tempestade, mas fomos informados imediatamente que problemas estavam acontecendo no hospital. Um gerente médico começou coordenando a equipe que, primeiramente, priorizou a UTI, onde 15 leitos estavam comprometidos. Montamos um gabinete de crise para que as chefias das principais áreas se reunissem para discutir as próximas providencias a serem tomadas”. O chefe de emergência também salienta que a maior dificuldade foi a de tomar muitas decisões em pouco tempo. “O mais importante não é o dano causado pela catástrofe, e sim, retomar o atendimento com segurança, porém o mais difícil foi o fato de termos que tomar decisões em um período extremamente curto de tempo”, conta Kuchenbecker.   A tragédia em Santa Maria que abalou o país Fogo, fumaça, e centenas de jovens gravemente feridos. Faz três anos que a tragédia do incêndio da Boate Kiss aconteceu em Santa Maria, e jamais sairá da memória dos brasileiros. “Não estava em Santa Maria, mas voltei na mesma noite naquela ocasião. Todos da equipe foram chamados imediatamente para o Hospital Universitário. Todas as áreas prestaram atendimento em locais que tinham espaço e solicitamos avaliação imediata dos pacientes. Foram momentos de tensão”, afirma o Chefe da Divisão de Diagnósticos do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Sílvio Ribeiro. Diante de tantos obstáculos naquele momento de calamidade, Ribeiro conta que os maiores foram organizar a equipe com um número limitado para atender centenas de pacientes e realocar os feridos por queimaduras. “Foi bastante complicado, dentro do espaço que temos para atender, imediatamente, um grande número de pacientes com uma equipe relativamente pequena. As pessoas com lesões por causa da inalação de fumaça ficaram aqui. Os queimados foram transferidos para Porto Alegre. Contamos com o apoio da Aeronáutica nessa questão”.  Ribeiro relata que a organização foi rápida, pois a equipe havia feito alguns treinamentos – iniciativa da UNIMED – para eventos de urgência. “Nós, por coincidência, tínhamos feito alguns treinamentos poucas semanas antes, o que ajudou muito na operação e a diminuir o número de vítimas”. Apesar de toda a agilidade e comprometimento nas operações, houve centenas de mortes na tragédia. Para o Diretor da FEHOSUL, ainda que os hospitais do interior tenham, naturalmente, menos estrutura que os da capital, o atendimento às vítimas do incêndio foi incontestável. “Esse episódio marcante e inesperado foi muito bem conduzido pela equipe do hospital de Santa Maria, digno de elogios nacional e internacional”, afirma Borges.        
Tags: Hospital de Clínicas (HCPA) Momentos de Crise

Aviso de Privacidade

O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.

Ver Política