Centenário: crise histórica ameaça hospital referência para 30 municípios
A Luta

Centenário: crise histórica ameaça hospital referência para 30 municípios

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31/08/2017 16:20

Comissão de Saúde e Meio Ambiente debate situação do Centenário. Foto: Camila Ferro
Comissão de Saúde e Meio Ambiente debate situação do Centenário. Foto: Camila Ferro
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) participou, no dia 28 de agosto, da Comissão de Saúde e Meio Ambiente realizada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Na pauta, a crise histórica que vem sendo enfrentada pelo Hospital Centenário (HC). Com um déficit operacional de R$ 6,4 milhões por mês, a saúde da instituição, que realiza mais de seis mil atendimentos mensais e é referência para 30 municípios da região, preocupa a comunidade, que teme o fechamento do único hospital de São Leopoldo. “Estamos respirando com muita dificuldade. Há mais de 20 anos o Centenário vem enfrentando problemas de estrutura”, destacou o prefeito Ary Vanazzi.
Conforme o gestor municipal, os funcionários não estão sendo pagos em dia desde janeiro. “Em 2004, o ex-prefeito preparou uma ação contra o INSS e ganhou R$ 48 milhões. Com esse valor foi possível manter o hospital até 2016. Só que o dinheiro acabou”, informou.
Com um custo mensal de R$ 9 milhões e uma dívida consolidada três vezes maior, o HC recebe R$ 2,3 milhões da União, a título de repasse, e R$ 235 mil do Estado. A prefeitura entra com R$ 4,8 milhões todo mês. Dos 41% que o município investe em saúde, 65% vão direto para o Centenário.
Os valores repassados pelo Estado ao Centenário não encontram paralelo na região. Um levantamento realizado pela direção do HC demonstra que, pelo menos outros dois hospitais do mesmo porte e perfil localizados no Vale do Sinos, recebem mais de R$ 3 milhões do governo estadual. Mesmo instituições menores, de acordo com a pesquisa, são contempladas com valores que chegam a R$ 2,4 milhões. A razão da disparidade seria o fato de o hospital de São Leopoldo não ter realizado a contratualização de serviços com o governo gaúcho em 2013.

SIMERS propõe parceria entre Estado e Ministério da Saúde

Para a diretora do SIMERS, Clarissa Bassin, é preciso uma parceria entre o Estado e o Ministério da Saúde para manter o hospital de portas abertas. “Em 2013, quando a Secretaria Estadual da Saúde propôs repactuar a distribuição de recursos para os hospitais, elegeram 24 hospitais, mas o Centenário, mesmo sendo referência, não foi contemplado”, pondera a diretora.
O SIMERS já havia alertado a gestão municipal, quando Vanazzi cumpria mandato anterior, de que o aporte do município deveria ser o que prevê a Constituição (15%), mas o restante deveria partir da distribuição orçamentaria solidária entre Estado e União. “Durante a audiência afirmamos que o hospital tem que seguir funcionando e o Estado tem que ser parceiro para buscar junto ao Ministério mais recursos e redistribuir melhor os valores para o atendimento hospitalar”, defendeu Clarissa.

Estado sugere negociação

O secretário-adjunto da Saúde no Estado, Francisco Paz, acenou com um aporte de R$ 180 mil por mês. Além disso, sugeriu avaliar com os municípios da Região Metropolitana a melhor distribuição do montante de R$ 1,5 bilhão destinado pelo Estado para o financiamento dos hospitais no Rio Grande do Sul.
O presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, Altemir Tortelli (PT), não acredita “na possibilidade de dividir o que já é pouco”, como sugere Paz. “Duvido que algum hospital tenha dinheiro sobrando. O Estado precisa apresentar uma nova equação para socorrer o Centenário”, defendeu.
Tags: Hospital Centenário Crise na saúde Saúde pública

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