Crack: sua vida vale R$ 5,00
A Luta

Crack: sua vida vale R$ 5,00

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07/04/2017 08:51

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No Brasil, 28 milhões de pessoas têm algum familiar que é dependente químico.
O crack, droga ilícita, substância psicoativa de ação estimulante do sistema nervoso central, subproduto da pasta da cocaína, está mais perto de você do que você pensa. O crack surgiu como opção para popularizar a cocaína, pelo seu baixo custo. A pedra custa em média R$ 5,00 e aceita-se sexo oral. Isso mesmo! O viciado submete-se a inexplicáveis atitudes para conseguir saciar sua vontade. Disseminado nas classes mais baixas da sociedade, embora atualmente já não se restrinja somente a elas, nos centros das grandes cidades é comum ver os moradores de rua de todas as idades fazendo uso desta droga. No Brasil, 28 milhões de pessoas têm algum familiar que é dependente químico. Isso representa 8 milhões de brasileiros usuários de drogas. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) defende a ampliação e aperfeiçoamento do atendimento pela rede básica de saúde e o aumento dos número de leitos. Esta é uma preocupação e luta constante do Sindicato por maior atenção à saúde mental no Estado. Em Porto Alegre, o Hospital de Clínicas oferecia tratamento ao dependente químico. O programa criado em 2012, deixou de atender dependentes de crack em 2016, mas durante esse tempo 1,4 mil pacientes foram internados. “Atualmente a unidade atende só alcoolismo porque os usuários de crack atendidos pelo SUS, encaminhados das emergências psiquiátricas tinham fichas criminais extensas a ponto de colocar a equipe médica em risco. Nunca aconteceu nada, é um programa voluntário, só interna quem quer, mas chegou a criar circunstância que a equipe não estava à vontade”, destaca o chefe do Serviço de Psiquiatria de Adição do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Coordenador do Centro de Pesquisa Álcool e Drogas do hospital, Flávio Pechansky. Outra opção para procurar ajuda são os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. “Os CAPS foram criados como tentativa de suprir a zona de pacientes que precisam de uma consulta de ambulatório e que em teoria não precisam estar internados. Conceitualmente, é muito bacana para pacientes que não precisam ocupar um leito de hospital. Mas os usuários de crack são muito doentes física e mentalmente e não é possível estabilizá-los, principalmente, no início botando eles num CAPS AD (álcool e drogas). Outro problema é o treinamento das equipes. No Hospital de Clínicas somos 50 profissionais para 20 pacientes. O pessoal que atende nos CAPS AD tem menos treinamentos, são extremamente eficazes nos acolhimentos do paciente, porém tecnicamente, é comum que o corpo de profissionais tenha um nível de treinamento baixo além de um excesso de ideologia que atrapalha a terapêutica”, destaca o psiquiatra. Os efeitos do crack são basicamente os mesmos da cocaína: sensação de poder, excitação, hiperatividade, insônia, intensa euforia e prazer. A falta de apetite comum nos usuários de cocaína é intensificada nos usuários de crack. Um dependente de crack pode perder entre 8 e 10 kg, em um mês. Por ser inalado, o crack chega rapidamente ao cérebro, por isso seus efeitos são sentidos quase imediatamente, em 10 a 15 segundos. Os efeitos duram em média cinco minutos, o que leva o usuário a usar o crack muitas vezes em curtos períodos de tempo, tornando-se dependente. Daí o grande poder dessa droga. Após tornar-se dependente, sem a droga o usuário entra em depressão e sente um grande cansaço, além de sentir a “fissura”, que é a compulsão para usar a droga, que no caso do crack é avassaladora. O uso contínuo de grandes quantidades de crack leva o usuário a tornar-se extremamente agressivo, chegando a ficar paranoico. Problemas mentais sérios, respiratórios, derrames e infartos são as consequências mais comuns do uso do crack. Fábio, 31 anos, usa crack desde os 17 anos. Guardador de carros em uma das ruas do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, já perdeu amigos para a droga e cometeu crimes para manter o vício. O dinheiro que ganha na rua, gasta com a compra de drogas e com o pagamento de diárias em uma pensão no Centro. “Se eu ganho R$ 200,00, por exemplo, gasto praticamente tudo com a droga, reservo R$ 20,00 para pagar meu hotel e ter para onde voltar à noite. Porque está muito perigoso dormir na rua”, diz o garoto. Ouça na íntegra o depoimento de Fábio: A falta de uma política eficaz para o tratamento psiquiátrico não é exclusividade de Porto Alegre, nem prejudica apenas a vida do doente. As dificuldades se espalham por todo o Brasil e levam sofrimento a todos ao redor do paciente. Amigos e parentes ficam apreensivos, aguardando uma nova crise para conseguirem receber a atenção do SUS. Alguns casos terminam em tragédia, como o ocorrido em Gravataí onde o filho espancou a mãe de 79 anos até a morte.

Campanha Dia Mundial da Saúde 2017

Campanha saúde mental

Transtornos mentais roubam um pedaço da vida, a desassistência rouba o resto

Com este slogan, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) lançou a campanha no Dia Mundial da Saúde (7 de abril) para alertar a população e todas as esferas de poder público sobre a falta de assistência na saúde mental. Há um descompasso entre o aumento do número de portadores de transtornos mentais e comportamentais no país e a estrutura de atendimento público oferecido para atender a população. Acesse www.7deabril.com.br e apoie esta causa!
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