Bitcoin: decifra-me ou te devoro
A Luta

Bitcoin: decifra-me ou te devoro

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18/05/2018 11:19

COM UMA VOLATILIDADE QUE TANTO FASCINA QUANTO AMEDRONTA, A PIONEIRA DAS MOEDAS DIGITAIS É UMA DAS NOVAS SENSAÇÕES DO MERCADO FINANCEIRO. ENTENDA O PORQUÊ. Passada uma década desde a sua criação, o bitcoin ainda parece, para muitos, um grande enigma. Não por acaso: desde sua criação, a moeda virtual intercala picos de valorização com quedas inesperadas, trazendo grandes oportunidades para quem tem interesse – e algum sangue-frio – para investir em ativos financeiros. Em dezembro de 2017, por exemplo, a cotação do bitcoin despencou 42% em um único dia. No acumulado do ano, porém, a valorização foi de mais de 900%. Nenhum outro ativo financeiro do mundo subiu tanto no mesmo período. Diante desse cenário, resta a pergunta: vale a pena investir nessa moeda? A resposta é um sonoro "depende". Nesse mercado, quem ri à toa são aqueles que se adiantaram ao boom da valorização. Foi o caso dos gêmeos norte-americanos Cameron e Tyler Winklevoss, que em 2013 investiram R$ 24 milhões em bitcoin e, em dezembro de 2017, viram o valor chegar a R$ 3,5 bilhões. Mas nem sempre foi assim. Por isso, a palavra “bolha” teima em aparecer em qualquer debate sobre o assunto. Antes de tudo, é preciso lembrar que o bitcoin não é algo novo. Foi lançado anonimamente em 2008 e começou a ser usado no ano seguinte, de maneira incipiente. Aos poucos, esse sistema econômico alternativo começou a ganhar corpo. Como vantagens, permite transações on-line sem a necessidade de intermediários e suas transações são validadas pelos próprios usuários. A popularização levou às primeiras oscilações em 2013, quando um bitcoin (1 BTC) chegou a valer R$ 3.037 e, logo depois, recuou para R$ 1.602. A partir de 2015, entretanto, as oscilações deram lugar a uma rota de alta quase ininterrupta. E a disseminação do uso levou a uma valorização de quase 3.700% entre dezembro de 2015 e dezembro de 2017, quando 1 BTC bateu na casa dos R$ 70 mil. O problema é que esse crescimento não se revelou sustentável. Em janeiro deste ano, a cotação era de R$ 36 mil. Para uns, a redução foi uma correção natural – algo esperado depois de ciclos de forte valorização. Para outros, trata-se da consolidação de uma bolha que pode fazer todo o mecanismo ruir.

bitcoin-goldCREDIBILIDADE

Para entender o mercado de bitcoin, recomenda-se que o marinheiro de primeira viagem busque auxílio. Um caminho são as casas de câmbio especializadas em criptomoedas. Conhecidas como exchanges, essas empresas prestam serviços por valores que começam em torno de R$ 250. Democrático, o bitcoin não exclui pequenos investidores, já que é possível adquirir uma ínfima fração da moeda, e não necessariamente gastar milhares de dólares, euros ou reais para cada 1 BTC. Estima-se que as exchanges respondam por 95% de todas as transações de bitcoin feitas hoje. O restante é movimentado de maneira autônoma. Esses 5% de usuários são os únicos que efetivamente compram, vendem e transferem recursos tal como pregavam as premissas iniciais do bitcoin: ser uma moeda independente que dispensa a ação de intermediários e regulações. Quem deseja converter bitcoins em moeda física precisa vendê-los a alguém – ou a uma exchange. Depois, basta pagar uma pequena taxa e conferir o valor depositado na conta-corrente de qualquer banco em que tenha conta. Ao contrário do sistema monetário clássico, a emissão de bitcoins não é fiscalizada por governos. A moeda pertence aos usuários do próprio sistema, tal como em uma cooperativa. Na rede do bitcoin, também não há centralização de poder. “Em vez de ter apenas uma entidade Apesar das oscilações, especialistas controlando o sistema, o modelo é invertido, com transações transparentes, mas privadas. E todos inspecionam e auditam o que ocorre”, explica o economista Fernando Ulrich, autor do livro Bitcoin: a moeda na era digital. O modelo, contudo, só funciona pela existência do blockchain, uma base on-line de registros de dados e transações. Compartilhada pelos usuários, o blockchain é uma espécie de livro-caixa público que cria consenso e confiança na comunicação direta entre os envolvidos. Apesar das oscilações, especialistas acreditam que o bitcoin e suas vantagens vão causar uma revolução na maneira como o mundo se relaciona com o dinheiro. “Daqui a alguns anos, vamos ver tudo isso como natural. O nosso mundo é digital, e uma das únicas coisas que não havia sido inventada, ainda, era o dinheiro digital”, explica Ulrich. Os críticos definem o crescimento do bitcoin como mera especulação financeira. No entanto, há quem diga que a moeda ainda tem muito a crescer – já que ela ainda está restrita a uma parcela muito pequena da população. Certo, mesmo, é que o bitcoin oferece muitas oportunidades para quem está disposto a lidar com as oscilações de uma revolução nascente.
Em vez de ter apenas uma entidade controlando o sistema, o modelo é invertido, com transações transparentes, mas privadas. E todos inspecionam e auditam o que ocorre, FERNANDO ULRICH.

Como comprar?

Para ter acesso a uma carteira de bitcoin, o investidor recebe uma assinatura digital. As moedas são guardadas numa carteira virtual, que funciona tal como uma conta bancária on-line. Quando o investidor desejar adquirir um produto, basta enviar ao vendedor sua sequência de assinatura digital e esperar a encomenda. O mesmo funciona para uma transferência direta de dinheiro entre um usuário e outro.   Leia esta e outras reportagens na edição 77 da Revista VOX que está sendo enviada aos médicos.
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